As ilhas do Porto são uma forma habitacional extremamente precária que, sendo originária da revolução industrial, tem ainda uma expressão significativa no território. Estima-se que, na atualidade, 957 ilhas alojam cerca de 10.00 pessoas de rendimentos baixos que, de outra maneira, não teriam acesso à cidade. Contudo, o valor que pagam por este acesso ao meio urbano é, elevado: áreas diminutas, condições de iluminação e ventilação muito precárias, proteção deficiente contra a chuva e a humidade, falta de segurança estrutural e contra incêndios, problemas de acessibilidade, etc. A resolução a estes problemas exige uma intervenção forte e assertiva do poder público, de modo a garantir, para os seus residentes, uma igualdade de oportunidades para a vida de qualidade, segura e saudável.
Arquitetos de família não é nem pretende ser esta ferramenta, mas acredita que as instituições públicas podem e devem contribuir para a sua criação. A iniciativa constitui-se como uma plataforma a partir da qual a FAUP, o Habitar Porto e a Junta de Freguesia do Bonfim aúnam competências para atingir dois objetivos em simultâneo: Dar respostas de qualidade a situações habitacionais de emergência e produzir conhecimento útil que permita agilizar as intervenções, diminuir preços e orientar futuras práticas e políticas de caráter mais transformador. O funcionamento de Arquitetos de Família consiste em Workshops onde, dentro das suas competências, estudantes finalistas dão assistência técnica à Junta do Bonfim, que materializa as intervenções a partir do programa Casa Reparada Vida Melhorada.
Até à data, a iniciativa contou com uma experiência piloto (nas Eirinhas) e um primeiro workshop (na Rua de São Victor). Em março de 2019, os estudantes que desenvolveram a experiência piloto foram distinguidos nos prémios de Cidadania Ativa da Universidade do Porto, na vertente pedagógica.