Programa Ponte – Apresentação

As ilhas do Porto são estruturas originárias da revolução industrial que, ainda na atualidade, constituem tanto uma solução de recurso para cerca de 10.00 moradores sem recursos, como uma oportunidade para habitar em localizações centrais com rendas acessíveis. Falamos duma forma urbana e social específica, caraterizada, em termos urbanísticos, por ocupações de elevada densidade de ocupação do solo e de baixo nível de infraestruturação e, em termos arquitetónicos, por edifícios de baixa qualidade construtiva e arquitetónica.

A reabilitação destes conjuntos em benefício dos seus moradores, mas também numa logica de qualificação do território e de acesso equânime às condições materiais para uma vida condigna, só é possível através de um difícil equilíbrio: conciliar, de maneira flexível mas sistemática, os interesses e necessidades de inquilinos e proprietários com os programas e instrumentos financeiros disponíveis e com as disposições legais e urbanísticas em vigor. Um trabalho altamente qualificado que é pouco acessível ao cidadão comum.

Tomando em consideração a realidade descrita, e surgido da cooperação institucional entre a FAUP e o Município do Porto, o Programa Ponte visa o preenchimento dos espaços entre os constrangimentos e as possibilidades existentes, utilizando como ferramenta o acompanhamento de proximidade e como matéria-prima a otimização das esferas técnica e burocrática. O projeto estrutura-se em quatro eixos:

  • Criação de um serviço de atendimento aos proprietários dos núcleos residenciais degradados, entre os que se destacam os designados como “ilhas”, com o objetivo de aumentar o parque de habitação a preços acessíveis no município;
  • Definição de um quadro de avaliação que permita determinar a solução arquitetónica, urbanística e económica mais apropriada para cada situação, facilitando o desenvolvimento e a aprovação célere das operações urbanísticas.
  • Criação de uma Unidade Mediadora que promova canais facilitadores de enquadramento das situações viáveis, agilizando o diálogo entre todos os envolvidos, assegurando respostas técnicas pautadas pelo rigor e qualidade;
  • Produção, transmissão e divulgação de conhecimento útil, que permita acumular experiência, articular atores, capacitar o tecido produtivo e promover intervenções exemplares do ponto de vista social, arquitetónico, urbanístico e económico.