Mestrado Integrado em Arquitectura, FAUP
Pretende-se com esta unidade curricular criar um campo de discussão teórica e prática em torno da espacialização da pobreza e das clivagens nesse processo de urbanização, das preocupações sociais no campo disciplinar da arquitectura e do urbanismo, assim como das limitações e potencialidades das políticas redistributivas, de interesse social e de gestão equitativa do ambiente construído.
Para tal, propõe-se aqui o estudo das disparidades nos processos de produção e gestão do ambiente construído, nomeadamente discutindo a visibilidade e o papel das faixas populacionais de menores rendimentos económicos, tanto focando nos contextos não-ocidentais (nas experiências da América Latina, Ásia e África) como nas áreas críticas dos contextos ocidentais (na evolução das políticas de interesse social e na sua situação actual).
Nestes contextos, assistimos ao enquadramento da escassez de recursos em mecanismos de gestão onde se multiplica o número e diversidade dos intervenientes (estruturas públicas de regulação do território e de interesse social, financiadores externos, agências internacionais, organizações não-governamentais, tecido local). Esta circunstância coloca o arquitecto/urbanista no papel de mediador e facilitador (e não na relação cliente – prestador de serviços).
Mais do que uma leitura histórica das diferentes abordagens ao planeamento urbano e regional, pretende-se dotar os alunos de ferramentas de leitura e problematização de projectos e políticas urbanas em contextos complexos e profundamente contrastantes, assim como de instrumentos práticos para o exercício profissional nestes enquadramentos paradoxais, promovendo o desenvolvimento de competências que permitam a cada estudante encarar desafios profissionais em contexto nacional e internacional.
As sessões de exposição de informação são completadas com visitas, sessões de discussão e aulas abertas com convidados. Cada edição da UC de Urbanização da Pobreza tem sido acompanhada de um Ciclo de Aulas Abertas com convidados externos, que partilham a sua experiência em diferentes contextos. Assim, em 2015-2016, foi explorado o Ciclo “Experiências no Grande Sul” e, em 2016-2017, o foco foi colocado nos “Processos participativos”.
O Ciclo de Aulas Abertas “Projectar para o (des)envolvimento local” (2018-19) procurou dar a conhecer e discutir experiências de projecto em que o envolvimento dos residentes e o desenvolvimento local constituíram prioridade e ferramenta de trabalho. Assim, através de um conjunto de arquitectos convidados, foram apresentados e debatidos os seus trabalhos realizados em vários contextos e territórios, como Portugal, Índia, Brasil e Guiné-Bissau. Estiveram em debate as potencialidades e desafios destas experiências, o seu impacto social e espacial, assim como o papel dos técnicos e dos residentes nestes processos.